A síndrome de Down é uma condição genética que não impossibilita que as pessoas se desenvolvam e alcancem os mesmos objetivos que quaisquer outras. Para isso, especialistas reforçam a importância do acesso ao acompanhamento profissional e à educação inclusiva, desde a infância. O apoio familiar sem limitações superprotetoras também é apontado como fundamental para o desenvolvimento pessoal, acadêmico e profissional.

Também conhecida como trissomia do cromossomo 21, por ser uma condição genética provocada pela presença de três cromossomos 21 nas células, em vez de dois, a síndrome de Down não é uma doença. De acordo com o Ministério da Saúde, trata-se de uma condição inerente à pessoa e, por isso, não se deve falar em tratamento ou cura. Como informa a Fundação Síndrome de Down, ela ocorre no momento da concepção de uma criança, não sendo possível prevenir ou remediar. 

A desinformação contribui para o preconceito e, por isso, a instituição destaca a importância da informação correta para a conscientização a respeito da síndrome de Down, que não é um impedimento para a pessoa aprender, estudar, trabalhar ou construir relações afetivas e amorosas.

A condição genética é percebida pelo obstetra ou pediatra já no nascimento da criança, que apresenta traços típicos, como olhos com linha ascendente e dobras da pele no canto interno, como informa o Ministério da Saúde. O desenvolvimento intelectual é mais lento e, quando há a associação da Síndrome de Down com algum dos transtornos do neurodesenvolvimento, o nível de desempenho fica abaixo da média.

Importância da inclusão escolar e do desenvolvimento neuropsicomotor 

De acordo com o Movimento Down, iniciativa do Movimento de Ação e Inovação Social (MAIS), realizado em parceria com o Observatório de Favelas do Rio de Janeiro, a escolarização é fundamental para qualquer criança, tanto no que diz respeito ao desenvolvimento psicoafetivo, quanto ao processo de socialização. 

Para as crianças com síndrome de Down, estudar em uma escola regular e inclusiva, onde ela tenha a chance de conviver com diferentes origens e formações, pode auxiliar de maneira positiva no desenvolvimento de seus potenciais.

O desenvolvimento Neuropsicomotor – DNPM é um processo progressivo em que a criança desenvolve a capacidade de realizar funções a partir de estímulos específicos e acompanhamento profissional. De acordo com a diretora do Núcleo de Desenvolvimento Neuropsicomotor do Espaço Cel, Maria Clara Piranda, é importante que a dinâmica seja realizada, principalmente, na infância e na adolescência, até os 16 anos.

“Nessa fase, é possível aproveitar a intensidade da plasticidade cerebral, uma vez que as células neuronais alteram suas conexões a partir da restrição ou estimulação de mudanças morfológicas ou funcionais”, explica a especialista. 

Na prática, os protocolos e as escalas de avaliação estruturadas são aplicados conforme a necessidade de cada pessoa com síndrome de Down. Para isso, é traçado um plano terapêutico com objetivos a serem conquistados a curto, médio e longo prazo. As terapias que apoiam o desenvolvimento neuropsicomotor são baseadas em evidências científicas e clínicas, com diversos profissionais, como fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais, fisioterapeutas, psicopedagogos, psicólogos e outros, que compõem a equipe que irá atuar com os pacientes.

Dessa forma, a especialista destaca que não existe tratamento para síndrome de Down, mas sim um acompanhamento multidisciplinar que contribui para o desenvolvimento satisfatório da criança. O médico pediatra deve observar alguns possíveis transtornos e problemas fisiológicos paralelos, que costumam ser comuns, como cardiopatias e doenças respiratórias. Outras possíveis alterações, como disfunções na tireoide, podem ser medicadas e controladas. 

Incentivo à autonomia das crianças com Down

Segundo o projeto “DIVERSA”, realizado pelo Instituto Rodrigo Mendes (IRM), um dos fatores mais importantes para garantir o bom desenvolvimento da criança com síndrome de Down é o apoio emocional no ambiente familiar. 

Estimular a comunicação e desenvolver atividades que desenvolvam habilidades motoras têm espaço significativo no reforço do aprendizado escolar. É preciso, ainda, incentivar a independência, evitando superproteção, além de promover a socialização com outras crianças, com Down ou não. Dessa forma, a família é capaz de intervir positivamente nos processos de aprendizagem e contribuir para o trabalho dos profissionais especializados.  

O projeto reforça que, no ambiente escolar inclusivo, é fundamental compreender as particularidades de cada aluno com Down e não avaliar o estudante a partir do diagnóstico. É necessário levar em consideração seus conhecimentos prévios e suas interpretações sobre os conteúdos aprendidos em sala de aula. Além disso, considerar a escrita, as habilidades musicais e artísticas também são formas de permitir que o aluno se expresse em seu próprio ritmo.

Entre as sugestões de interações pedagógicas inclusivas, o projeto DIVERSA indica priorizar o posicionamento das crianças na frente da sala, próximas ao quadro e ao professor, pois essa distribuição favorece a visualização e a escuta. Outra orientação é incentivar o respeito dos colegas da turma em relação às particularidades das crianças com síndromes ou deficiências para a formação de cidadãos responsáveis, humanizados e solidários.

É importante, ainda, pesquisar e preparar materiais pedagógicos diferenciados, dentro do conteúdo curricular. Tanto em casa, quanto na escola, demonstrações de carinho ajudam a fortalecer o crescimento e a incentivar a independência, respeitando as limitações individuais das crianças com Down.

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