* Osvaldo Luiz Silva

Não à toa, o primeiro dia do ano é dedicado à paz. É um desejo unânime! O branco predominou e o Papa fez uma mensagem dedicada ao tema. Este ano escolheu falar sobre a IA- Inteligência Artificial. Confesso que fiquei surpreso, pois esperava, com as intermináveis guerras na Ucrânia, Faixa de Gaza e Síria, que toda a mensagem fosse mais um veemente apelo do Santo Padre pelo fim dos conflitos!

Mas, para o bem da verdade, Papa Francisco tem repetido este apelo quase diariamente. Infelizmente, são poucos os líderes que insistem como ele, mostrando-se verdadeiramente preocupados, intimamente ligados ao sofrimento de tantas pessoas inocentes. O fato é que nos acostumamos com as guerras e elas já não estão mais nas capas dos jornais, nas manchetes dos sites. Não nos chocam mais os destroços e vidas perdidas.

Em sua mensagem pela paz de 2024, Papa Francisco, então, não só olhou para as mazelas atuais, mas também para o que pode gerar conflitos futuros. Assim, defendeu que o progresso digital se verifique no respeito pela justiça e contribua para a causa da paz: “Os avanços tecnológicos que não conduzem a uma melhoria da qualidade de vida da humanidade inteira, mas pelo contrário agravam as desigualdades e os conflitos, nunca poderão ser considerados um verdadeiro progresso.”

O desejo de Francisco é de que “o rápido desenvolvimento de formas de inteligência artificial não aumente as já demasiadas desigualdades e injustiças presentes no mundo, mas contribua para pôr fim às guerras e conflitos e para aliviar muitas formas de sofrimento que afligem a família humana.”

Todos desejamos a paz, mas, às vezes, nos esquecemos que ela não chega sem a justiça. O Salmo 84 (85), no versículo 11, diz essa verdade de forma poética: “…justiça e paz se abraçarão.” Assim, a paz não é fruto do acaso ou da sorte, magicamente, nos alcançando. Precisa ser construída abandonando o recurso da violência, perdoando o próximo que, como a gente, não é perfeito, e se importando com o outro, na partilha e solidariedade.

Gosto daquela música antiga, “Marcas do que se foi”: “este ano, quero paz no meu coração, quem quiser ter um amigo, que me dê a mão!” A paz começa com esse desejo sincero, e é construída a partir de atos concretos, dia após dia.

Em 2024, desejo paz – shalom, salam, myr, mir, peace – para todos!

*Osvaldo Luiz Silva é jornalista, trabalha há 32 anos na Canção Nova e escreveu o livro “A Vida é Caminhar”, que relata fatos da década de 1970 da vida do padre Jonas Abib.

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