Today segunda-feira, 17th novembro 2025
Imprensa e Mídia

Notícias de Uberlândia, Brasil e Mundo

Vícios e Tratamentos: Superar é Possível com Apoio e Informação

Vícios e Tratamentos: Superar é Possível com Apoio e Informação

O vício é um transtorno que vai além da simples vontade de repetir um comportamento ou consumir uma substância. Trata-se de uma condição complexa que envolve fatores biológicos, psicológicos e sociais. Ele se instala quando o indivíduo perde o controle sobre um hábito, mesmo sabendo que ele traz prejuízos à sua saúde, relacionamentos e vida profissional.

Muitas vezes, o vício começa como uma tentativa de aliviar o estresse, escapar de traumas ou encontrar algum tipo de prazer momentâneo. Com o tempo, a repetição se transforma em compulsão, e o comportamento deixa de ser uma escolha passa a ser uma necessidade.

Tipos de vício mais comuns

Os vícios podem se manifestar de diferentes formas. Em geral, são divididos em duas categorias:

Vícios em substâncias

Envolvem o uso de drogas lícitas ou ilícitas que alteram o funcionamento do sistema nervoso central. Entre as mais comuns estão:

  • Álcool

  • Cigarro

  • Medicamentos ansiolíticos ou opioides

  • Cocaína, crack, LSD e derivados

  • Substâncias como haxixe , cujo uso recreativo frequente pode levar à dependência emocional e, em alguns casos, à dificuldade de concentração, motivação ou controle do consumo.

Vícios comportamentais

Envolvem ações compulsivas que também ativam o sistema de recompensa do cérebro, mesmo sem envolver substâncias. Os principais são:

  • Jogos de azar

  • Pornografia

  • Compras compulsivas

  • Uso excessivo de internet ou redes sociais

  • Compulsão alimentar

Ambas as categorias causam sofrimento significativo e exigem tratamento especializado, pois os danos podem ser tão graves quanto os provocados pelas drogas.

Como o vício afeta a mente e o corpo

O cérebro de uma pessoa em situação de vício passa por alterações profundas. A substância ou o comportamento viciante ativa a liberação de dopamina, neurotransmissor ligado à sensação de prazer. Com o tempo, o cérebro se adapta e exige doses maiores para provocar o mesmo efeito é o que chamamos de tolerância.

Além disso, o corpo começa a reagir negativamente à ausência da substância ou do comportamento, gerando sintomas físicos e emocionais, como:

  • Irritabilidade

  • Ansiedade

  • Tremores

  • Insônia

  • Pensamentos obsessivos

  • Sensação de vazio ou angústia

O vício, portanto, se torna um ciclo difícil de quebrar sem ajuda.

A importância do diagnóstico precoce

Reconhecer o vício ainda no início é essencial para evitar consequências mais graves. Porém, isso nem sempre é fácil. A pessoa afetada geralmente tenta esconder o problema, nega os prejuízos ou acredita que pode parar quando quiser.

Alguns sinais de alerta incluem:

  • Uso frequente e em quantidades maiores do que o planejado

  • Falta de controle ao tentar parar

  • Prejuízo nas relações sociais ou profissionais

  • Mudanças bruscas de humor

  • Isolamento

  • Negligência com a saúde, aparência ou obrigações diárias

Se você ou alguém próximo apresenta esses sinais, é hora de buscar apoio profissional.

Caminhos para o tratamento

A recuperação é possível, mas exige comprometimento, paciência e suporte adequado. O tratamento pode variar de acordo com a gravidade do vício e a realidade de cada pessoa. As abordagens mais comuns incluem:

Psicoterapia

A terapia individual ou em grupo é um dos pilares mais importantes do tratamento. Ela ajuda o paciente a entender os gatilhos que o levam ao comportamento viciante, a desenvolver estratégias de enfrentamento e a reconstruir sua autoestima. A terapia cognitivo-comportamental (TCC) é uma das mais utilizadas nesse processo.

Acompanhamento médico

Em casos de dependência química, como álcool ou medicamentos, pode ser necessário o uso de medicamentos para aliviar os sintomas da abstinência ou tratar transtornos associados, como depressão e ansiedade. O acompanhamento psiquiátrico é indispensável nessas situações.

Grupos de apoio

Participar de grupos como Narcóticos Anônimos (NA), Alcoólicos Anônimos (AA) ou outros específicos para vícios comportamentais pode fazer grande diferença. O apoio de pessoas que estão passando pela mesma jornada gera motivação e sentimento de pertencimento.

Internação

Quando o paciente apresenta riscos à própria vida ou à de terceiros, ou quando não consegue manter o controle fora de um ambiente protegido, a internação em clínicas especializadas pode ser indicada. Esses espaços oferecem assistência 24h e favorecem o início da desintoxicação física e emocional.

A importância da rede de apoio

A recuperação não depende apenas do paciente, mas também do suporte que ele recebe. O envolvimento da família, dos amigos e até do ambiente de trabalho pode ser um fator decisivo para o sucesso do tratamento.

É fundamental que o dependente seja acolhido, e não julgado. O incentivo ao tratamento deve vir acompanhado de empatia, escuta e, quando necessário, de limites claros. O apoio emocional é o que sustenta o processo nos momentos mais desafiadores.

Prevenção começa no diálogo

Prevenir é sempre melhor do que tratar. E a prevenção começa com informação, conversa aberta e construção de vínculos saudáveis. Famílias que mantêm o diálogo com seus filhos, que abordam temas como drogas, emoções e responsabilidade, tendem a proteger seus membros contra decisões impulsivas.

A banalização de substâncias como comprar haxixe ice nas redes sociais e até em músicas populares contribui para que jovens experimentem sem conhecer os riscos. Por isso, a informação de qualidade e o exemplo em casa são as melhores ferramentas preventivas.

A vida após o vício

Superar um vício não significa apagar o passado, mas sim aprender com ele. Muitos pacientes relatam que, ao passarem pelo processo de tratamento, desenvolveram mais consciência, empatia e força interior.

A recuperação é uma jornada — às vezes longa, cheia de desafios mas também repleta de vitórias. Cada dia sem recaída é uma conquista. E cada nova escolha consciente é um passo em direção a uma vida mais livre, plena e equilibrada.

Conclusão

O vício não define quem você é, nem determina o seu futuro. Com ajuda, apoio e vontade de mudar, é possível reescrever sua história. O tratamento existe, funciona e pode transformar vidas.

Se você está enfrentando esse desafio ou conhece alguém que está, não hesite em buscar ajuda. Começar é o passo mais importante para deixar o sofrimento para trás e trilhar um novo caminho — mais leve, mais consciente e verdadeiramente seu.

Tiago Silva Candido

Artigos Relacionados

Deixe uma resposta

Leia também x