Já se encontra disponível, nas plataformas de música, o primeiro álbum da cantora baiana Kell Santos, intitulado Raiz e folha: o cancioneiro de Zeh Gustavo, nas principais plataformas de música.
É a própria Kell, que se radicou durante mais de 30 anos no Rio, nos limites entre os Morros do Fallet e do Fogueteiro, no bairro de Santa Teresa, até retornar à Bahia, onde mora em Trancoso, quem afirma:
“Trata-se do sonho de qualquer cantor ou cantora, e que a gente pensa que nunca vai se realizar, diante das imensas dificuldades que uma mãe preta de família enfrenta para criar seus filhos e ainda fazer sua arte”.
O sonho está aí e ele nasce coletivo, com base no trabalho autoral do poeta e sambista Zeh Gustavo e nos arranjos e direção musical primorosos de Daniel Delavusca. Forma-se um trio, a que se juntam convidados e músicos de imenso talento, cuja voz ressoa una e plural num álbum de um cancioneiro próprio e rico, que vai do samba à moda de viola, do baião à valsa, numa autêntica declaração de amor à melhor tradição inventiva da música popular brasileira.
O velho disco que se multiplataforma…
Raiz e folha: o cancioneiro de Zeh Gustavo, álbum de Kell Santos, é encargo de lira, missão de som, ave nervosa sulcando ou alevantando a planta do chão.
Reverbera um grito de som fincado nas coisas da terra, na rica e plural tradição musical brasileira que vai do choro ao erudito quebrado, que vibra o baião na cidade, que dança o frevo no campo, que samba o maxixe nos subúrbios que costumam nos gerar as melhores gentes. É música de letra, poema melodioso que se remexe qual pedra doce traçando altos planos no vento que nos acolhe em abraço, como quem insiste em nos dizer: a canção não acabou – a canção jamais acabará.
É a volta do velho disco, mas com teor e tino de inovação no mesmo sangue que corria – e, claro, que não escolhe suporte de escuta que não o bom e amigo ouvido sempre atento às nossas brasilidades. Com direito a revivamento da poemaria do Raul Bopp. Com inédita do genial Sérgio Ricardo. Com parcerias mil e unas. Com musicistas estupendos, muitos deles mestres da rua, da guigue, da roda, do ajeito pra sobreviver versando-cantando. Com participações cirurgicamente marcantes de quem continua nosso cancioneiro, na raça: Fabíola Machado, moça muito prosa; Fernanda Magá, de rebolado de gogó matreiro à la Araca; Lúcio Sanfilippo e sua reza-voz em prol da memória de nosso canto fundante maior. Assim que vamos, como e porque viemos.
Ouça: