*Danúbia Gleisser

Com origem no grego, “synodos” significa “caminho feito em conjunto”. O Sínodo dos Bispos foi  instituído pelo Papa Paulo VI em 1965 e, em 2018, o Papa Francisco inclui a sinodalidade como dimensão constitutiva da Igreja.

No ano de 2021 o Santo Padre convocou o Sínodo, intitulado: “Para uma Igreja sinodal: comunhão, participação e missão”. A caminhada iniciou solenemente nos dias 9 e 10 de outubro de 2021, em Roma, e em  17 de outubro em todas as Igrejas particulares.

Houve um itinerário, com início na fase diocesana, em seguida passou por um momento nacional com as Conferências Episcopais e continental, até chegar à XVI Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos, em Roma neste mês.

A convocação do Papa Francisco é um convite para que se tenha uma Igreja em saída, missionária, e, para isso, a escuta de todos foi o ponto essencial dessa jornada. Sobre este aspecto, um dos membros da Assembleia do Sínodo, Padre Paulo Terroso, da Arquidiocese de Braga (Portugal), em entrevista à nossa equipe em Roma afirmou que “o diferencial deste Sínodo é a escuta, a escuta do Povo de Deus. Desde 2021, a partir das fases até agora, todos que quiseram participar, assim o fizeram.”

Outro ponto inédito é a presença de leigos na Assembleia Sinodal, como destacou padre Terroso: “pela primeira vez as mulheres podem votar na Assembleia”. A escolha da organização do Sínodo com mesas redondas, propicia um ambiente que promove a partilha, característica também enfatizada por ele.

A ferramenta de trabalho da Assembleia foi o Instrumentum Laboris, um texto base, fruto da experiência das dioceses de todo o mundo nos últimos dois anos, que sugere, articula, traz reflexões e debates de assuntos importantes para a vida da Igreja sinodal, e para que, dessa forma, seja “uma Igreja de encontro e diálogo”, cujo o objetivo é abrir horizontes de esperança para o cumprimento da missão da Igreja.

Por fim, estamos na última semana da primeira sessão do Sínodo sobre a Sinodalidade, que encerra neste domingo, 29 de outubro. A divulgação da Carta da 16ª Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos ao Povo de Deus, nesta quarta-feira (25), enfatiza esse longo processo de escuta: “aberto a todo o povo de Deus, sem excluir ninguém, para ‘caminhar juntos’, sob a guia do Espírito Santo”, e com grande entusiasmo receberemos o Documento Síntese desta primeira parte, que será divulgado no sábado (28).

Vale destacar as palavras do papa Francisco no início desse processo, lembradas na Carta: “Comunhão e missão correm o risco de permanecer termos abstratos se não cultivarmos uma práxis eclesial que exprima a concretude da sinodalidade (…), promovendo o envolvimento real de todos e de cada um” (9 de outubro de 2021).

A segunda sessão da Assembleia será realizada em outubro de 2024. O convite expresso na Carta não deixa dúvidas: “Gostaríamos que os meses que nos separam da segunda sessão, em outubro de 2024, permitam a todos participar concretamente no dinamismo de comunhão missionária indicado pela palavra ‘sínodo’. Não se trata de uma questão de ideologia, mas de uma experiência enraizada na Tradição Apostólica.”

*Danúbia Gleisser é repórter e missionária da Comunidade Canção Nova, e, atualmente, reside na missão da Canção Nova em Roma (Itália).

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