
Primeira etapa do JEF Itinerante Indígena realiza quase mil atendimentos na Aldeia Limão Verde, em Aquidauana/MS
Terminou ontem (12/9), na Aldeia Limão Verde, em Aquidauana/MS, a primeira etapa do Juizado Especial Federal (JEF) Itinerante Indígena. O evento segue na Aldeia Bananal até o dia 15 de setembro.
Durante dois dias, foram realizados 950 atendimentos aos indígenas das Aldeias Limão Verde, Buritizinho e Córrego Seco. Foram expedidos 404 documentos entre carteiras de identidade, Cadastros de Pessoas Físicas (CPFs), certidões de nascimento e títulos de eleitor), realizadas 30 perícias pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), 46 atendimentos pela Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), 76 atendimentos pela Defensoria Pública da União (DPU) e Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), 81 pela Defensoria Pública Estadual (DPE) e 78 pelo Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul (TJMS).
A Justiça Federal realizou 69 audiências, com 72 processos distribuídos, 59 acordos formalizados (85%) e um total de R$ 227 mil em Requisições de Pequeno Valor (RPVs).
O cacique da Aldeia Limão Verde, Antônio dos Santos Silva, agradeceu aos órgãos envolvidos pelo sucesso do projeto. “O esforço e dedicação de todos certamente muda a vida de muitas pessoas. Gente que não tinha documento, que não sabia dos seus direitos, saiu daqui com o problema resolvido.”
A ação tem como objetivo garantir o acesso à Justiça em locais distantes dos fóruns, promovendo direitos de cidadania das populações locais, benefícios previdenciários e assistenciais.
Para a diretora do Foro da Seção Judiciária de Mato Grosso do Sul (SJMS), juíza federal Monique Marchioli Leite, a primeira etapa do projeto alcançou os objetivos. “Na Aldeia Limão Verde conseguimos transformar a vida de muitas pessoas. A expectativa para os atendimentos na Aldeia Bananal é ainda maior. Isso só demonstra o quanto a ação é necessária para a população indígena.”
O JEF itinerante Indígena é coordenado pelo juiz federal Moisés Anderson Costa Rodrigues da Silva, com apoio dos juízes federais Fernando Nardon Nielsen, Monique Marchioli Leite, Ana Claudia Manikowski Annes e Marcelo Lelis de Aguiar.
Casos atendidos
Lucilene Marques Tibério conseguiu o Benefício de Prestação Continuada (BPC) para a filha que possui hidrocefalia

Lucilene Marques Tibério conseguiu o Benefício de Prestação Continuada (BPC) para a filha que possui hidrocefalia (Foto: Acom/TRF3)

“A criança nasceu com hidrocefalia e precisava atualizar o cadastro único para continuar recebendo o benefício. Por falta de atualização dos dados, o INSS suspendeu os pagamentos. Conseguimos restabelecer o benefício e pagar de forma retroativa os valores.” – Defensor público federal Wembley Alejandro Garcia Campos.
“Foi muito comovente fazer o atendimento da senhora Lucilene. Ela queria ajudar a filha, mas não tinha condições financeiras para isso. Como acadêmico, é gratificante ver o trabalho realizado mudar a vida da comunidade.” – Giuliano Fernandes, 28, estudante de Direito da UFMS.
José Mauro Barros – aposentadoria por incapacidade permanente
O senhor José Mauro Barros, 63, conseguiu o adicional de 25% na aposentadoria por incapacidade permanente. É diabético, teve o pé direito amputado e perdeu a visão. Na concessão concedida pelo INSS, em 2019, não havia obtido o benefício por incapacidade permanente.


“Após o senhor José ter passado pelos atendimentos do mutirão e pela perícia do INSS, verificou-se que, desde a primeira concessão administrativa em 2019, ele precisou da ajuda da esposa para sobreviver. Na audiência, a Justiça reconheceu o direito de ele receber o retroativo com o adicional de 25% mais a concessão do benefício de incapacidade permanente. Com certeza isso vai mudar significativamente a vida da família.” – Defensor público federal Silvio Grotto.
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