Assembléia Legislativa sedia encontro de mulheres empreendedoras
O Palácio 9 de Julho, sede da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (ALESP) recebeu, em seu Plenário Tiradentes, na tarde desta quinta- feira, o evento “Conceito em Voz Alta: Fortalecendo Vozes Femininas na ALESP”. O encontro, promovido pela empreendedora e mentora de mentoras Katia Teixeira, reuniu mulheres de diferentes áreas para discutir questões pertinentes aos rumos da educação, a inclusão e o papel da mulher na sociedade contemporânea.
Acompanhada pelas painelistas Denise Borges, Eunice Porto, Fran Muraca, Sueli Campos e Rita Aventurato, que compartilharam suas perspectivas sobre o assunto, a anfitriã Katia Teixeira deu início ao evento ressaltando a importância de amplificar a voz das mulheres, anunciando que o evento será realizado a cada 60 dias na ALESP, permitindo que as discussões resultantes sejam consideradas pela Casa e avaliadas quanto a sua viabilidade, para serem implementadas por meio de projetos de lei destinados a aprimorar a vida da sociedade como um todo.
O evento também destacou o projeto sociocultural “Quais de Mim Você Procura?”, idealizados por Kátia, cujos livros são distribuídos gratuitamente em ONGs, hospitais e abrigos que atendem e/ou têm grupos de mulheres em situação de vulnerabilidade e vítimas de violência doméstica. Cada livro contém relatos inspiradores de empreendedoras que se destacaram em suas áreas, com o intuito de reconhecer e celebrar suas realizações e o impacto que tiveram em suas comunidades. A arrecadação das edições é destinada a apoiar mulheres em situação de vulnerabilidade e vítimas de violência doméstica. A próxima edição será lançada em outubro na Divine Académie Française des Arts Lettres et Culture, no Carrousel du Louvre, França.
A abertura do evento ficou a cargo de Roberta Freire, especialista em Eneagrama Vitruviano, Vendas, apresentadora do programa Viaje com Roberta Freire, Embaixadora do Clube Mulheres de Negócios de Portugal (entre outras atividades), que compartilhou sua perspectiva sobre educação e destacou a importância de torná-la acessível a todos, enfatizando que eixos estruturantes como investigação científica, mediação e intervenção sociocultural, processos criativos e empreendedorismo são essenciais para o desenvolvimento dos cidadãos em formação, estejam eles na rede pública ou privada de ensino. “Para isso, precisamos de pessoas que fazem, que motivam, provocam. E somos essas pessoas”, completa.
Na sequência, Denise Borges, palestrante, empresária, fundadora e professora de inglês da Better Days Idiomas, iniciou sua fala com a citação de Michelle Obama “If there’s one thing I’ve learned in life, it’s the power of using your voice” para discutir sobre o poder da voz da mulher e a importância de quebrar os padrões sociais que muitas vezes fazem com que elas adiem seus próprios objetivos em prol de outros compromissos. “Uma mulher que é mãe cria seu filho sem um manual. Quem disse que ela não pode aprender inglês?”. Para a palestrante, devemos ter políticas públicas que viabilizem às mulheres a oportunidade de aprender um novo idioma.
Eunice Porto, psicóloga com formações diversas, incluindo Constelação Familiar Sistêmica e Constelação Organizacional e Consultoria Sistêmica, Psicologia e Relações Raciais, destacou a evolução da população negra ao longo da história e a necessidade de melhorar a educação, especialmente para as crianças negras, nesse espaço de transformação, visto que 96% das crianças negras frequentam as escolas, mas apenas 18% das pessoas negras chegam à faculdade e entre 3
e 4% concluem a graduação. Além disso, 55% das mulheres pretas recebem menos que os homens brancos com a mesma qualificação, grau de execução e excelência.
Francisca Muraca, advogada, executiva, especialista em Neurociências e Comportamento, embaixadora da Divine Academie em Paris, dentre outras atividades, enfatizou a importância de fomentar a introdução à iniciação científica e seus processos nas escolas, pois através do incentivo a curiosidade, desenvolvemos nos futuros cidadãos o pensamento crítico e a resolução de problemas de forma mais assertiva e criativa.
Sueli Campos, uma empresária com 15 anos de experiência no setor de franquias, graduada em Marketing e consultora especializada em formatação e suporte para micro franquias e negócios,apresentadora de TV, co-autora no livro: Treinamentos Comportamentais (Editora Ser Mais), abordou a carência de apoio para jovens em situação vulnerável, especialmente aqueles afetados pelo uso de drogas. Geralmente, as crianças mais velhas não são facilmente adotadas e acabam retornando às casas transitórias. Ao atingirem a maioridade, muitos deles são lançados ao mundo sem preparo ou suporte, uma vez que a sociedade frequentemente não oferece perspectivas para eles. Como podemos proporcionar a esses jovens uma estrutura que os capacite a evitar a geração de novas crianças sem preparo no mundo, repetindo o ciclo de vulnerabilidade? Ela enfatizou a necessidade de repensar a educação desses jovens para evitar que enfrentem nova segregação, visando romper esse ciclo adverso.
Rita Aventurato, Psicóloga, Palestrante, Apresentadora de TV, escritora , Ministra Mentorias e Workshops, declarou que observou, em mais de 30 anos de prática clínica, os impactos da falta de educação financeira e gestão das emoções na vida das mulheres e como isso afeta suas relações pessoais e familiares. Rita trouxe à baila o questionamento sobre a motivação de um grande número de mulheres permanecerem em relacionamentos abusivos. A seu ver, muitas vezes estas mulheres se mantêm no relacionamento por conta da dependência financeira ou da busca por estabilidade, mesmo que isso signifique a repetição de violações de seus direitos. Ela enfatizou a necessidade premente de uma educação que proporcione uma compreensão abrangente das finanças e dos valores familiares, a fim de orientar as escolhas financeiras e pessoais das pessoas.”Será que na nossa educação dá pra ensinar o que é família de novo? É como se a gente buscasse forças, mas não soubesse para onde está remando. Precisamos de uma educação que nos dê amplitude de caminhos. Não há base sem família”, finaliza.
Após a finalização do painel, os debatedores convidados expuseram suas perspectivas, para confrontar / agregar ao discurso proferido pelas panelistas. Após o painel principal, a Presidente do Lar Samaritano, Dra Cecília Stringhini, falou sobre a necessidade de uma educação mais robusta, para a quebra dos padrões repetitivos. Rose Godoy, advogada à frente do BPW (Business Professional Women), sugeriu para o próximo encontro a abordagem da questão da violência nas escolas. Outros debatedores discutiram: os desafios enfrentados pelas mulheres negras e a segregação social velada das pessoas consideradas atípicas; como empreendedoras que também são mães precisam aprender na prática sobre educação financeira para prosperarem em seus negócios; a diferença brutal entre aquilo que é ofertado nas redes de ensino desde a base, às crianças e seus impactos na vida adulta. Olhar a educação de base, como a pessoa será formada, foi um ponto reforçado por todos os presentes. Não adianta olhar o sistema de cima para baixo. Os adolescentes são resultado da base educacional que lhes foi ofertada. As vezes, a evasão escolar ocorre porque as crianças precisam ajudar a família.
Thiago Martello, Educador Financeiro, Founder da Martello Educação Financeira, Agente Autônimo de Investimentos pela CVM e especialista em Investimentos ANBIMA, enfatizou a importância da educação financeira desde a base do ensino, argumentando que isso é essencial para a transformação efetiva na vida dos cidadãos, especialmente em uma sociedade pós-pandemia. Ele
também ressaltou a necessidade de repensar como a tecnologia pode ser vista como uma ferramenta de empoderamento e não como um obstáculo na educação.
A Fotógrafa Janice Rostrello falou sobre a falta de conexão real e apoio entre pais e filhos, enquanto a pesquisadora Francyne Elias-Piera abordou a carência de educação sobre a Antártica nas escolas e sua importância em diversas áreas do conhecimento, defendendo a expansão do ensino sobre esse tema para proporcionar aos alunos uma compreensão mais profunda e holística da região antártica, além de suas implicações ambientais e científicas. A representante do Instituto Solar falou sobre a disparidade entre querer ser quem se é e o que a sociedade espera de nós, mulheres. Aonde se perderam os valores? Precisamos preparar a sociedade para nos aceitar, de fato?
Ao encerrar o evento, Aníbal Teixeira,palestrante, economista, autor e empresário, abordou a importância da Educação Financeira Infantil, um projeto integrado ao programa “Quais de Mim Você Procura”. Durante sua apresentação, destacou a relevância de ensinar habilidades financeiras desde a infância como um meio fundamental para alcançar a liberdade social. Para respaldar sua perspectiva, apresentou gráficos e índices que refletiam a escalada da violência contra a mulher no contexto pós-pandêmico. Aníbal enfatizou que a combinação de educação financeira, aliada ao suporte de profissionais qualificados, poderia reduzir a dependência das mulheres de seus agressores, melhorar sua autoestima e permitir a construção de uma nova vida. Ele defendeu vigorosamente que a educação financeira deve ser introduzida desde cedo nas gerações futuras, a fim de fomentar uma comunicação inclusiva e integradora para todos. Aníbal Teixeira reiterou a necessidade premente de promover a educação financeira como meio de empoderar as mulheres, fornecendo-lhes a autonomia necessária para tomar decisões assertivas em suas vidas.É necessário promover a educação financeira e a independência econômica das mulheres. “A mulher precisa de Apoderamento desse decisório para tomar posse do que é seu e Empoderamento para tomar atitudes”, conclui.
A reunião foi prestigiada pelo mandato do parlamentar Caio França (PSB), que esteve presente no evento para saudar a iniciativa das mulheres e homens ali presentes. Ao final do evento, foi aberto espaço para o netweaving.
Para acompanhar o projeto Conceito, acesse XXXXX