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Mercado de trabalho: vale a pena colocar o signo no currículo?

Mercado de trabalho: vale a pena  colocar o signo no currículo?

A inclusão de tal informação faz parte da tendência chamada “fit cultural”

 

E se de repente o recrutador passar a questionar um candidato a uma vaga de trabalho a respeito do seu signo? O candidato deve incluir tal informação em seu currículo? Embora possam parecer situações inusitadas, há quem faça. A inclusão de tal informação faz parte da tendência de processos seletivos mais voltados a aspectos ligados ao alinhamento entre valores, crenças e comportamentos, o chamado “fit cultural”.

 

A justificativa para a pergunta “qual é seu signo” é de que os astros permitem identificar características de personalidade que podem impactar no comportamento, inclusive profissional, dos indivíduos. 

 

Mapa astral: guia astrológico pessoal

Segundo a astróloga Cláudia Lisboa, o mapa astral pode ser usado para dar orientações sobre diversos aspectos da vida, incluindo o profissional. Mas, é algo pessoal, visto que é um guia astrológico feito a partir das posições dos astros no céu na data de nascimento de cada indivíduo. 

O mapa astral pode auxiliar a entender mais sobre o trabalho de forma individualizada, apontando o potencial para a vida, o que inclui a realização profissional. 

 

Discriminação e preconceito

No caso da entrevista de emprego é preciso entender que sua função é selecionar um candidato mais apto a ocupar um cargo oferecido por uma empresa. Trata-se de uma relação de trabalho e perguntas que fujam disso devem ser evitadas e não usadas como critério de seleção. 

A informação sobre signo ou mapa astral estaria no âmbito de perguntas pessoais ou íntimas, ao lado das relacionadas à convicção religiosa, orientação sexual, posicionamentos políticos ou de natureza familiar. Em regra, um signo não seria parâmetro para avaliar capacidade técnica ou experiência. A própria Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT) afirma que é proibida prática discriminatória por motivo de sexo, origem, raça, cor, estado civil, situação familiar, idade, entre outros aspectos.

As conclusões que podem ser tiradas a partir de questionamentos a respeito do signo de um candidato a uma vaga de emprego podem estar carregadas de conceitos previamente estabelecidos, que talvez nem correspondam ao perfil do candidato. O professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV) e pesquisador em Comportamento Organizacional, Marco Tulio Zanini, afirma que “as informações astrológicas dependem da fé de quem as estuda, e levá-las em consideração abre espaço para uma subjetividade absurda”.

Uma forma de expandir o conhecimento, próprio e voltado para outras pessoas, por meio do estudo, seria a busca por um curso de astrologia completo, o que traria à tona informações sérias, afastando os conceitos previamente estabelecidos. 

Uma outra forma de buscar conhecimento a respeito da influência dos astros nos relacionamentos interpessoais, deixando de lado as conclusões sem qualquer embasamento, seria a realização do mapa da sinastria, uma ferramenta que auxilia a compreender a potência e as complexidades emocionais que influenciam nos relacionamentos. Isso se aplica não apenas em relações em um ambiente de trabalho, mas também é possível fazer a sinastria amorosa gratuita.

 

Proteção de dados prevista na LGPD

A Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD – Lei nº 13.709/2018) estabelece que o tratamento de dados pessoais obedeça a princípios de necessidade ou finalidade, ou seja, empresas devem coletar dados estritamente necessários para o propósito do recrutamento. 

Dentro da LGPD, isso recebe o nome de princípio da minimização. Caso o recrutador opte por questionar além do que é necessário, deve explicar a finalidade e expor o fundamento legal, a fim de evitar riscos jurídicos, como, por exemplo, dano moral por ato discriminatório. 

 

No currículo, só informações essenciais 

O currículo deve apresentar informações pessoais consideradas essenciais para que os recrutadores façam contato com o candidato, como nome, telefone e e-mail. Opcionalmente, é possível incluir links de sites pessoais ou rede social profissional. 

Há, ainda, o espaço destinado à formação acadêmica e às experiências profissionais. É importante evitar dados como data e local de nascimento, estado civil, orientação sexual, condições de saúde, entre outros que podem gerar discriminação.

Tiago Silva Candido

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