Soldado será levado ao Presídio Romão Gomes; caso expõe excessos da Polícia Militar e provoca debate sobre letalidade policial.
Prisão decretada após vídeo de ação violenta
A Justiça Militar determinou, nesta quinta-feira (5), a prisão do policial militar Luan Felipe Alves Pereira, acusado de arremessar um homem de uma ponte durante uma abordagem na Cidade Adhemar, zona sul de São Paulo. O incidente, ocorrido no último domingo (1°), ganhou ampla repercussão após ser registrado em vídeo. O soldado já foi ouvido e será transferido ao Presídio Romão Gomes, destinado a policiais militares.
A prisão foi solicitada pela Corregedoria da Polícia Militar na quarta-feira (4). Além disso, a Polícia Civil segue investigando o caso e busca localizar a vítima para colher seu depoimento. A Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP-SP) informou que 13 policiais envolvidos na ocorrência foram afastados, enquanto um Inquérito Policial Militar (IPM) foi instaurado para apurar as responsabilidades.
O vídeo, amplamente divulgado nas redes sociais, mostra o soldado segurando o homem pela camiseta e jogando-o no rio. A SSP-SP destacou que as investigações buscam individualizar as condutas dos policiais envolvidos.
Casos recentes reforçam críticas à atuação policial
A ocorrência soma-se a outros episódios que colocam em xeque a atuação da Polícia Militar no estado. Um dos casos mais recentes envolveu a demissão de seis agentes da ViaMobilidade após a morte de um passageiro na estação Carapicuíba, na Linha 8 – Diamante. O incidente ocorreu em 11 de novembro e foi capturado por câmeras de segurança.
De acordo com a ViaMobilidade, os agentes foram desligados após uma sindicância interna e a análise de um laudo pericial que apontou descumprimento de protocolos. A concessionária também anunciou medidas corretivas, como a reciclagem de todo o quadro de agentes e a reforço no treinamento voltado ao atendimento de pessoas em situação de vulnerabilidade.
Outro episódio divulgado nesta semana envolve a agressão de uma idosa de 63 anos em Barueri. A ação foi registrada em vídeo, onde a mulher aparece sendo empurrada e chutada por policiais militares. O incidente, motivado por uma discussão sobre a apreensão de um veículo, resultou em ferimentos graves para a idosa, seu filho e neto.
Especialistas denunciam descontrole na gestão policial
Organizações da sociedade civil, como o Instituto Sou da Paz, classificaram os episódios recentes como “inadmissíveis”. Para Carolina Ricardo, diretora-executiva da entidade, o aumento da letalidade policial em São Paulo é um reflexo de mudanças estruturais e discursivas na gestão estadual.
“Observamos um enfraquecimento de políticas que antes controlavam o uso excessivo da força. O discurso oficial, aliado à troca de lideranças na Polícia Militar, tem legitimado ações violentas”, afirmou. Ela destacou a redução no uso de câmeras corporais, apontando para um retrocesso no controle das operações policiais.
Segundo Carolina, o governo estadual só se manifestou após a divulgação do vídeo do homem sendo arremessado da ponte, reforçando a percepção de uma gestão permissiva com excessos.
Debate sobre o futuro da segurança pública
Os casos recentes reacendem o debate sobre a reforma na segurança pública e os limites da atuação policial. Entidades defensoras dos direitos humanos cobram ações mais rigorosas para coibir abusos, enquanto especialistas pedem maior investimento em treinamento e controle das forças de segurança.
A SSP-SP reiterou, por meio de nota, que a Polícia Militar “não compactua com desvios de conduta” e que todas as ocorrências envolvendo excessos serão investigadas. Contudo, organizações como o Sou da Paz defendem que medidas pontuais não são suficientes e que é necessário um esforço conjunto para reestabelecer a confiança da população nas instituições de segurança.