No Carnaval 2025, escola terá enredo afro histórico sobre máscaras africanas
A Gaviões da Fiel, tradicional escola de samba paulistana, anunciou nesta segunda-feira (25) o desligamento de Ana Paula Minerato, de 33 anos, após a repercussão de áudios vazados com falas racistas atribuídas à musa da agremiação. O comunicado oficial da escola afirmou que as declarações da influenciadora são “incompatíveis com os valores e princípios” que a Gaviões defende.
Essa decisão ocorre em um momento significativo para a escola, que, no Carnaval 2025, apresentará seu primeiro enredo com temática afro, intitulado “Irin Ajó Emi Ojisé”. A narrativa, desenvolvida pelos carnavalescos Júlio Poloni e Rayner Pereira, abordará as máscaras rituais do continente africano, destacando sua importância cultural e espiritual.
Comunicado oficial dos Gaviões da Fiel
A Gaviões da Fiel divulgou uma nota explicando a decisão de desligar Minerato. O comunicado reforça o compromisso da escola com a luta contra o racismo e a promoção da igualdade:
“A diretoria do Gaviões da Fiel Torcida e a Comissão de Carnaval comunicam o desligamento da musa Ana Paula Minerato de todas as atividades e representações ligadas aos Gaviões. A decisão foi tomada após a divulgação de condutas incompatíveis com os valores e princípios que defendemos, incluindo manifestações de cunho racista.
Reforçamos que o combate ao racismo é uma luta permanente do Gaviões da Fiel, que se posiciona de forma intransigente contra qualquer atitude discriminatória. Não toleramos comportamentos que desrespeitem a igualdade e a dignidade humana, pilares fundamentais do nosso compromisso com a sociedade.
Seguiremos firmes em nossa trajetória de respeito, inclusão e justiça, valores que sempre guiaram nossa história.”
A declaração foi assinada pela diretoria da escola e amplamente divulgada.
Entenda a polêmica envolvendo Ana Paula Minerato
A polêmica começou com o vazamento de áudios na madrugada desta segunda-feira (25). Nos registros, Ana Paula Minerato critica o rapper Kt Gomez por ter se relacionado com Ananda, cantora do grupo Melanina Carioca. A influenciadora utilizou termos pejorativos para se referir à aparência de Ananda, mencionando de forma depreciativa seu cabelo e pele.
Após a repercussão, Ananda usou suas redes sociais para rebater as declarações e anunciou que tomará medidas legais. “Agora você vai ver o que arrumou. O buraco vai ser mais embaixo. E tu vai ter que aguentar. Não foi mulher para falar?”, declarou a cantora em resposta aos ataques, que incluíram termos como “neguinha” e “cabelo duro”.
vazou:
ana paula minerato sendo racista com uma mulher por causa de macho
que nojo e vergonha de ter gostado dela: https://t.co/Ztz8QxdcKP pic.twitter.com/Motx5ikSe9
— gael (@uaigael) November 25, 2024
🔥 Ananda respondeu aos comentários racistas feitos pela ex-Fazenda Ana Paula Minerato:
“Você realmente se acha tão bonita assim a ponto de desmerecer a aparência de quem é diferente de você? Não queria estar na sua pele, loirinha.” #famosos pic.twitter.com/SL074Jdlhd
— Enfoque Reality BR| #AFazenda16 (@EnfoqueReality) November 25, 2024
Repercussão entre artistas e redes sociais
O grupo Melanina Carioca, ao qual Ananda pertence, emitiu uma nota pública em solidariedade à cantora. “Nosso compromisso sempre será com o respeito e a celebração da diversidade. Não aceitaremos calados qualquer forma de racismo”, afirmou a banda em suas redes sociais.
A decisão da Gaviões da Fiel de desligar Ana Paula Minerato foi amplamente elogiada por internautas e lideranças do movimento negro, que destacaram a importância de atitudes firmes diante de manifestações de racismo, especialmente no cenário do samba, que é historicamente uma expressão cultural da resistência negra no Brasil.
O enredo afro da Gaviões no Carnaval 2025
O tema escolhido pela Gaviões da Fiel para o próximo Carnaval ressalta a conexão com as raízes africanas. As máscaras rituais que serão abordadas no desfile têm grande valor simbólico em diferentes culturas do continente, sendo utilizadas em celebrações religiosas, cerimônias de passagem e festividades tribais.
Com o enredo “Irin Ajó Emi Ojisé”, a escola busca celebrar a riqueza da cultura africana e reafirmar o papel do samba como instrumento de resistência e valorização da ancestralidade negra.