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*Anderson Lima (vereador e educador em Uberlândia)

A Educação brasileira pede socorro! Já era sabida as diferenças estruturais e pedagógicas entre os ensinos das redes pública e privada, mas elas se confirmaram e ficaram escancaradas durante a pandemia do Covid-19. Há mais de um ano, com a suspensão das aulas presenciais, os alunos e seus familiares, além dos profissionais da Educação, têm sentido os efeitos negativos das aulas remotas. Isso porque além das desigualdades sociais – pois nem todos têm acesso à tecnologia -, que impedem o acesso aos conteúdos, prejudicando o aprendizado, tem também as questões sociais. Muitos são os relatos familiares e de profissionais de saúde de que as crianças e os adolescentes estão com depressão, crise de ansiedade, irritabilidade e alteração no humor, sono e apetite por não estarem sentido falta do ambiente escolar e de se relacionarem com os colegas e professores.

Um levantamento feito pela Associação Brasileira de Psiquiatria ABP entre os meses de agosto e novembro de 2029 identificou que houve um aumento de 82% no número de novos casos de transtornos mentais. E as crianças e adolescentes não ficam fora desta triste estatística. A procura por terapias alternativas e nutricionistas também aumentou neste período.

Ainda na questão social, temos outro agravante que é o aumento do número de violência contra crianças e adolescentes durante a pandemia. Um relatório da organização não governamental (ONG) World Vision, divulgado em maio de 2020, estimava que até 85 milhões de crianças e adolescentes entre 2 e 17 anos poderiam se somar às vítimas de violência física, emocional e sexual até agosto de 2020 em todo o planeta. No Brasil, a projeção era de um aumento de 18% no volume de denúncias de violência doméstica. Por outro lado, está havendo uma subnotificação desses casos, uma vez que muitos tinham a escola como uma voz de socorro.

No âmbito pedagógico, estima-se que o prejuízo no aprendizado terá consequências por quatro décadas, segundo uma pesquisa divulgada pela Sociedade Brasileira de Neuropsicologia (SBNp) e conduzida pela presidente da entidade, Rochele Fonseca. A pesquisa, divulgada em uma reportagem do dia 19 de abril, no jornal O Tempo, as perdas foram de 40% das habilidades de leitura, escrita e em matemática. A pesquisa foi feita com 315 mil crianças, entre 8 e 11 anos, dos Países Baixos, avaliados duas vezes em 2020.

Rochele Fonseca explica ainda que quanto menor a idade, pior será o efeito da falta da sala de aula, já que pesquisas e profissionais de saúde afirmam que até os 8 anos, o ambiente da escola é fundamental para a aquisição das funções cognitivas.

Sou pedagogo, historiador e educador há quase 20 anos, além de ser membro da Comissão de Educação, Cultura e Ciência da Câmara Municipal de Uberlândia. Sou defensor da volta às aulas presenciais, claro, respeitando-se todos as regras sanitárias para o fim da Covid-19. Entendo a educação como essencial para o desenvolvimento intelectual, social e cultural da criança e do adolescente.

A pergunta que faço é até quando vamos manter o ensino à distância, desconsiderando todos esses abismos pedagógicos, sociais e emocionais? Em mais de um ano de pandemia, as escolas já tiveram tempo de se adequarem às normas do Comitê de Combate à Covid-19 e todos já estão conscientes da importância de se prevenir a doença, mantendo hábitos de higiene e o distanciamento social. Como educador e pais de três filhos, eu digo SIM a volta às aulas presenciais.

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ANDERSON LIMA

VEREADOR – PSL

Presidente da Comissão de Legislação, Justiça e Redação da Câmara Municipal de Uberlândia

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