Por Aldair dos Santos – Jornalista
Para quem já tiveram a oportunidade de conferir a nova chamada de carnaval da Rede Globo de Televisão deste ano, observaram grandes mudanças na tradicional vinheta que apresentava uma mulata apenas com tintas e brilhos no corpo. a Globleza. E o conceito apresentado em 2017 foi mostrar os diversos tipos de cultura do nosso país, e, o experiente dançarino da cidade de Uberlândia, no Triangulo Mineiro, Lucas Hive foi um dos convidados a participar das gravações. Ele conversou com o site Imprensa e Mídia e falou de sua trajetória como dançarino e coreógrafo, da participação no projeto com a Globo e da sua relação com a família. Confira entrevista na integra.
Imprensa e Mídia: Você está tendo a oportunidade de apresentar o seu trabalho para todo mundo com a visibilidade que está tendo em ter participado da tradicional vinheta de carnaval da Rede Globo. Como surgiu o convite?
Lucas Hive: Um amigo de São Paulo me enviou uma publicação de uma booker de agência, pelo facebook, que estava procurando por dançarinos com experiências em danças folclóricas brasileiras. Enviei meu material que foi solicitado por e-mail, e no dia seguinte ela me respondeu. Recebi o e-mail que tinha sido aprovado para fazer o teste que aconteceu durante dois dias, e eu fui no segundo. Três dias após eu ter feito o teste, recebi a noticia que tinha sido aprovado. Até o momento não sabíamos a finalidade do projeto. fiquei sabendo no segundo ensaio, quando fomos a Erika Moura(Globeleza) apareceu nos ensaios.
Imprensa e Mídia: O que o fez despertar para a carreira como dançarino/coreógrafo?
Lucas Hive: Lembro que sempre gostei de dançar desde pequeno. Quando era criança e tinha a nostalgia de DVDs, com os clipes de hip hop. Eu ficava tentando dançar na garagem de casa, assistindo aos clipes da Ciara, Cris Brown, Destiny’s Child, 50 cent…
Na adolescência, lembro que dançava axé nas festas de amigos, mas era excluído dos grupos de dança da escola no ensino fundamental, porque eu não era popular. Depois comecei a me interessar pelo mundo da musica eletrônica, e comecei a dançar Teck Tonik na época do Psy(estilos de dança na cena eletrônica, em 2010).
Logo depois de ficar desestimulado no esporte, jogando basquete por 5 anos e 1 ano de atletismo, estava dançando em uma festa de uma prima, e uma menina me viu dançando e me chamou pra participar de um grupo armador de dança, depois de um mês, participei de uma audição e fui aprovado em uma companhia profissional. A partir dai, descobri que a dança era o meu futuro.
Como coreografo, foi depois que comecei a buscar uma identidade na minha dança já na companhia profissional. O Primeiro workshop que fiz, foi com as dançarinas da Beyoncé no Rio de Janeiro em 2013. Logo pensei, que poderia mostrar minha arte de várias formas, e comecei a estudar a criação coreográfica.
Imprensa e Mídia: O que achou da proposta da Globo de valorizar a cultura do pais e não apenas nudez da Globeleza?
Lucas Hive: Eu achei incrível e muito bem colocado. Sair da imagem da mulher como um objeto, da mulher negra e dar valor e espaço ao que realmente é o carnaval em nosso país. Uma atitude e amadurecimento muito bem estudado pela emissora. Tenho muito orgulho de participar dessa mudança histórica, na Rede Globo.
Imprensa e Mídia: Você se mudou pra São Paulo? Quais os projetos na capital paulista?
Lucas Hive: Sim, estou em São Paulo em busca de evolução. Eu me mudei no início de agosto do ano passado, e atualmente sou dançarino na Millennium Dance Complex Brasil. Além disso, quero continuar dando e fazendo aulas de outros profissionais, coreografando e me apresentando com artistas, criando conteúdo no meu canal no Youtube, trabalhar em musicais e buscando sempre as melhores oportunidade para o meu crescimento pessoal e profissional. Ser dançarino independente não é fácil. Precisamos de apoio, para conseguir nossos sonhos. E acredito que sempre irá aparecer pessoas certas em nosso caminho, no momento certo.
Imprensa e Mídia: Quais os trabalhos que você fez e que os consideram mais importantes?
Lucas Hive: São muitos os trabalhos que me marcaram e consideram importantes. As apresentações nos teatros mais respeitados do mundo com a companhia de dança Balé de Rua (em Montevidéu, Paris, Sydney, Londres, Lewston – NY, e Tel Aviv).
O vídeo Lyric da musica “Let’s Ride” da DJ Thascya no qual fui dançarino e coreógrafo no vídeo, alcançando a marca de 100.000 visualizações menos de um mês.
O de ter coreografado o video clip de “Minaj” da cantora drag Pabllo Vittar, com mais de 3 milhões de acessos. E os shows que fiz na Open Bar Tour com ela.
Apresentação que fiz com a cantora Karol Conka.
A criação dos meus vídeos coreográficos no meu canal no Youtube.
E por último o VT da Globeleza, que veio para representar a cultura de todos os cantos do país, do nosso carnaval. Posso me considerar até um Globelezo agora, hahaha…
Imprensa e Mídia: Qual a sua relação com sua família?
Lucas Hive: A relação com a minha família é muito boa. Venho de uma família humilde, criado apenas pela minha mãe e meu irmão. Ela sempre me deu o necessário, o resto eu sempre buscava por conta própria e de modo independente se eu quisesse.
Hoje como eu moro fora de casa, ainda não tenho condições de ajudar mais em casa como antigamente, pois ainda não estou em uma fase financeira estável. Mas quando estiver em melhores condições, quero dar o melhor pra minha mãe.
Imprensa e Mídia: Qual o fato mais importante na sua carreira até agora?
Lucas Hive: Foi quando a coreógrafa Parris Goebel, que me inspira desde 2013, viu a mensagem que mandei para ela com meu vídeo Coreográfico, dizendo a ela que é minha inspiração, ano passado. No dia seguinte ela escreveu pra mim, “Dream Big”(sonhe grande), com uma carinha ;).
E no dia que dancei com o coreógrafo e dançarino americano Willdabeast uma coreografia dele que eu peguei estudando os movimentos na internet. E quando falei pra ele, que um dos meus sonhos, é ir pra Los Angeles aonde ele trabalha, ele pegou no meu ombro e disse que não ia esquecer de mim. Duas frases de dois artistas que me inspiram e me fazem buscar pelo que as pessoas não acreditam que eu vou conseguir.
Imprensa e Mídia: Qual recado deixa para as pessoas que desejam alcançar um sonho que considera impossível?
Lucas Hive: Ótima pergunta. Bom, as coisas não são impossíveis. Eu acredito que se você emite positividade por mais que as coisas sejam difíceis, e mentaliza o que quer, o universo conspira ao seu favor, a lei da atração.
Se você está começando a buscar pelo que quer, lembre se que vai passar por muitas experiências e obstáculos antes de chegar no que almeja. Busque estar com pessoas que te fazem evoluir, e se inspire em pessoas que você duvida que são humanos, de tão incríveis que pareçam ser. Busque mostrar seu trabalho de jeito que o seu coração pede e não dê ouvido para as criticas negativas.
Seja paciente, não se esqueça da fé no que acredita. E não tenha medo de sair da sua zona de conforto. É o jeito mais fácil, você ir atrás da oportunidade, do que esperar ela vir até você. E nunca se esqueça que sempre terá pessoas melhores no que você quer. A humildade é a arma fundamental pra ir em busca dos seus sonhos.