
Atriz Cláudia Abreu se apresenta no 28º Festival de Curitiba
Por Michele Marreira, direto de Curitiba*
Sempre simpática e praticamente com a mesma carinha da época de “Anos Rebeldes” [série da Globo que retratava o Golpe Militar de 64, exibida em 1992], a atriz Cláudia Abreu desembarcou na capital paranaense no final de semana para encenar a peça “PI – Panorâmica Insana”, fazendo sua estreia no Festival de Curitiba que está na 28ª edição e vai até 07 de abril.
Acostumada a viver personagens de grandes clássicos do teatro, Cacau como é carinhosamente conhecida no meio artístico, idealizou um projeto cênico contemporâneo junto com o amigo, o também ator Luiz Henrique Nogueira – atualmente no ar na pele de Jofre Cachorrão em “Verão 90”.
A parceria resultou no espetáculo “PI – Panorâmica Insana” que lotou o Teatro Novo na temporada paulista. Juntam-se ao elenco os atores Leandra Leal e Rodrigo Pandolfo. O quarteto interpreta mais de 150 personagens de diferentes nacionalidades, abordando temas contemporâneos com projeções em tempo real de números de assassinatos, estupros, nascimentos, narrações, exigindo estrutura emocional, física e mental dos artistas que se deparam com situações densas e adversas durante o percurso cênico.

Discreta em sua vida pessoal, a atriz é casada com o cineasta José Henrique da Fonseca com quem tem quatro filhos: Maria, Felipa, Joaquim e Pedro.
Seu último trabalho na TV foi na série “Cidade Proibida” no papel de Lídia em 2017. Já em novelas, desde 2016 não a vemos com uma nova personagem desde que protagonizou “A Lei do Amor” vivendo Heloísa.
Vem novidade por aí. Nesta entrevista Cláudia fala sobre seu novo projeto na telinha, o segredo da jovialidade e como a formação em Filosofia transformou sua vida. Confira:
O tempo passa para nós mortais, mas não para você, Cláudia. Qual o segredo da jovialidade aos 48?
Cláudia Abreu: Alegria de viver. Não como carne desde os 18 anos. Me cuido de uma maneira natural, sem neura. Não podemos ficar neuróticas com a estética, senão envelhecemos mesmo. Aceite naturalmente o tempo e deixe que ele intervenha de forma normal.
Seu último trabalho na TV foi na série “Cidade Proibida” em 2017. Você já tem um retorno marcado?
Sim. Estarei nesse ano em um projeto chamado “Desalma” [série sobrenatural] da autora Ana Paula Maia. Eu nem sei se eu poderia falar antes dos diretores [risos].
Você estudou Filosofia. Essa formação acadêmica somou de alguma forma em seu ofício como atriz?
Me mudou como pessoa. Me deu muito mais reflexão, cultura, e isso me acompanha em minha vida. Como sou meu próprio instrumento de trabalho, contribuiu bastante para o meu ofício de atriz. Mas, acima de tudo, contribuiu para o meu crescimento pessoal.
Atualmente você está excursionando com o espetáculo “PI – Panorâmica Insana”. Somam ao elenco os atores Leandra Leal, Luiz Henrique Nogueira e Rodrigo Pandolfo com a direção de Bia Lessa. É uma dramaturgia com densos fatos contemporâneos. Como surgiu a concepção da peça?
Não partimos de nada pronto e, sim, de ideias e desejos. O processo de dramaturgia nasceu através de nossas conversas. Eu queria uma peça contemporânea que falasse das pessoas excluídas, de como é duro vermos a desigualdade. Luiz Henrique Nogueira e eu pensamos muito sobre isso e chamamos o Jô Bilac, Julia Spadaccini e André Sant’anna para escreverem o texto. Temos uma história profunda com a Bia Lessa e foi muito natural chamá-la para nos dirigir nesse projeto. Ela revoluciona tudo que faz, ampliando isso para um lugar bem além do que imaginávamos. É um espetáculo feito com muita vontade de falarmos de nossa raça humana tão louca. Estou no teatro para dizer algo importante para o público.
É a sua primeira vez no Festival de Teatro de Curitiba?
Já estive duas vezes na cidade com peças, mas essa é a minha primeira vez no Festival, sempre tive o desejo de vir. O Guilherme Weber um grande amigo é o curador do evento e nos convidou quando ainda estávamos em cartaz em São Paulo. Aceitamos esse convite a bastante tempo. É uma alegria estarmos aqui, acho simbólico falarmos dessa peça com tantos fatos políticos acontecendo. Queremos levar o espetáculo para vários lugares. Estamos confirmando um convite para entrarmos em cartaz no Rio de Janeiro, na reinauguração de um teatro. E temos o desejo de voltar à São Paulo, pois saímos com a casa lotada. Desejamos levá-la também ao nordeste, temos muita vontade.
*A jornalista viajou a convite do 28º Festival de Curitiba.