As melhores histórias de empreendedorismo são aquelas que pareciam improváveis de acontecer. É o caso do cabeleireiro, e agora megaempresário (com o perdão do trocadilho), Amaury Alves, de Uberlândia. Aos 12 anos, com um secador achado no lixo, e uma bicicleta velha, ele começou a arriscar os primeiros cortes, sem saber o que estava por vir. Depois de comprar sua primeira escova com um dinheiro que economizou de um presente (que seu pai deu para comprar um kinder ovo), ele adaptou a casa da avó, com tudo improvisado, para atender as primeiras clientes com cadeiras de mesa da cozinha e uma estação de lavar cabelos que funcionava em um tanque de lavar roupa.
Não bastasse, pegou sua bicicleta velha e foi atender novas clientes em domicílio. Anos depois, e uma passagem pela Loreal, Amaury tornou-se uma referência no setor: fechou 2023 com R$ 4 milhões de faturamento, 30 colaboradores e um novo projeto já em curso: uma nova sede, com foco em serviços de bem-estar, saúde e treinamento com investimento próprio de R$ 3 milhões. Detalhe: ele ainda guarda no salão as peças que ilustram o começo árduo de sua história.
Com o serviço premium de Mega Hair como carro-chefe, Amaury acaba de voltar da China, onde foi buscar conhecimento pouquíssimo disseminado no Brasil, após investir R$ 500 mil para trazer uma técnica pioneira, com maquinário, produtos e tecnologia que ainda não existem por aqui. “Nos últimos quatro anos, elevamos nosso faturamento a R$ 1 milhão por ano. Há cinco anos, nossa média anual era de R$ 600 mil e nós batemos R$ 1 milhão no ano seguinte, no próximo foram R$ 2 milhões e, no outro ano, R$ 3 milhões, até o faturamento atual. Começaram a chegar clientes de São Paulo, de todos os estados, da América do Norte, Europa e Ásia. E, para 2024, esperamos manter esse crescimento de cerca de 25%, chegando a R$ 5 milhões”, afirma.
Segundo explica, o grande diferencial da técnica chinesa é proporcionar mais durabilidade, por ser algo mais refinado e delicado, e isso ocorre justamente pelos equipamentos avançados que têm e, agora, “somos os primeiros a adquirir esse maquinário. A nossa exclusividade vem de sermos um dos únicos que adquiriu a tecnologia somada ao nosso know how e expertise”, diz.
Além da Inglaterra e Bélgica, Amaury já recebeu clientes de países como Chile, França, Noruega e Estados Unidos, por exemplo. Mas sua relação com o exterior não se restringe aos serviços. O salão também envia cabelo para todo o mundo, para outros salões e pessoas que queiram o Mega Hair com o selo do cabeleireiro e a qualidade brasileira. “Temos uma aluna que veio do Colorado (EUA) para fazer o curso de Mega Hair aqui. Além desse tipo de pessoa do segmento e das clientes que chegam de fora, também enviamos cabelo para o mundo inteiro e temos uma parceira compradora muito forte no Japão que dissemina nosso trabalho por lá”, complementa.
O começo caseiro
Amaury começou de forma bastante artesanal e com o mínimo de recursos, porém, segundo conta, a percepção de notar o que bons profissionais faziam, a vivência integral em salões, a curiosidade nata e a sede de aprender e replicar os serviços de uma maneira própria foram decisivos para a virada de chave. “Comecei com um secador, uma escova e uma bicicleta e muita vontade de atender com excelência”, afirma.
O primeiro salão foi aberto aos 15 anos de idade em sua casa sem nunca ter feito um curso, apenas aplicando o que aprendeu olhando a mãe e a tia em suas visitas ao cabeleireiro, ele começou a ter mais clientes e melhores condições financeiras, começou a fazer cursos. “Fazia escovas, tratamentos e somente depois comecei a fazer alisamentos. Sempre um passo de cada vez, conforme os cursos que fazia, atualizava os serviços do salão, e aos poucos fomos entendendo o que as clientes gostavam, e não era apenas do resultado”, conta.
A jornada e experiência da cliente
Segundo ele, o tempo foi ensinando que salão de beleza é muito mais do que o cuidado estético. Além de hoje ser muito importante a parte de bem-estar e saúde, e por isso ele toma todos os cuidados com os produtos, o atendimento de ponta a ponta sempre foi seu grande diferencial. “Quando atendia em casa, fui percebendo o que elas queriam, e muitas vezes era a exclusividade, a simpatia, o acolhimento, um bom papo e um momento para relaxar. Até mesmo quando o corte não as satisfazia por completo, eu sabia que, quando bem tratadas, elas voltavam para a casa feliz, e pagavam bem por isso”, diz.
Tão bem que, hoje, o ticket médio de Amaury é um dos maiores de Minas Gerais. Embora um tratamento e aplicação de Mega Hair possa custar até R$ 20 mil, por exemplo, ele faz questão de dizer que não vende preço. “A nossa cliente quer a certeza do bom produto, a escolha técnica e elegante, e o resultado que a satisfaça. Ela não negocia, não pechincha, porque sabe que o que oferecemos é algo além, é fruto de muita pesquisa, estudo, cursos e investimento sério”. Segundo ele, sua equipe é treinada para oferecer um atendimento mais personalizado para cada cliente, conforme seu perfil. O mais recente treinamento foi o de PNL para que eles tivessem um entendimento melhor da programação neurolinguística.
Mega Hair: um negócio da China?
O cabeleireiro esteve na China durante o mês de março em o que ele mesmo chama de uma grande aventura cultural, de aprendizado e conhecimento. Mas por que Amaury investiu R$ 500 mil no país asiático? “A China tem um grande diferencial em relação à base do mega hair. O mega hair além de cabelo, ele tem uma base onde é fixado o cabelo da cliente. A China produz uma base que imita a pele do couro cabeludo, com acabamento muito fino. No entanto, a China não tem os melhores cabelos que se enquadram com as preferências das brasileiras.
Pensando nisso, o profissional uniu toda a tecnologia produzida pela China com o cabelo personalizado que é utilizado no Brasil e criou um sistema de aplicação único e diferenciado para a produção de um mega hair quase imperceptível. Segundo Amaury, ele é o único que usa essa técnica com maquinário importado da China, no Brasil. “Acho que é por isso que nos tornamos referência. As pessoas procuram inovação e tecnologia, por isso nosso trabalho sempre está um passo à frente de tudo que está no mercado”.
Mas o que o mega hair do Amaury tem?
Há muitos profissionais bons na área, mas, sem falsa modéstia, o empresário dá uma dica de porque se sobressaiu tanto. “O grande diferencial do mercado é entregar aquilo que o cliente deseja tanto na parte de coloração como aplicação do Mega Hair, mas mantendo sempre a saúde do cabelo. É por isso que nosso método é o único realmente aprovado 100% por dermatologistas, que não causa danos e posso provar. Inclusive, temos dermatologistas que nos indicam quando o cliente chega com a dor, por exemplo, da falta do cabelo, ela nos indica porque ela sabe que o cabelo demora um tempo para crescer”, explica.
Amaury acrescenta que acontece muito de a pessoa chegar ali com um processo de quebra, principalmente com os casos de covid e pós-covid em que muitas mulheres perderam cabelo. “Às vezes, ela perdeu 60% do cabelo e sabe que o cabelo vai demorar três, quatro anos para devolver essa densidade. Por exemplo, essa dermatologista nos indica para a gente colocar o cabelo na cliente, para ela ter aquela satisfação de voltar a ter a beleza em dia até que o cabelo cresça realmente de forma natural e depois ela conseguir retirar o mega e ficar sem ele”.
Da garagem de casa para a construção de um império
Sobre estar sempre atualizado, ele conta que nunca se arrependeu de investir em qualificação. Após seis anos empreendendo em casa, pouco depois de completar 18 anos de idade, Amaury fez a primeira viagem internacional para Buenos Aires, na Argentina, em busca de aprimoramento, na academia Pivot Point, umas das principais referências no aperfeiçoamento de hair designers, onde fez o primeiro curso de corte.
“Eu via profissionais que tinham feito a academia de Pivot Point e o talento que elas tinham em cortar cabelo. Eu queria aprender a cortar daquele jeito e fiz o curso para aprender a fazer. Foi uma aventura. Talvez, se pensasse demais, não teria tido coragem. Mas investia até dinheiro que não tinha na confiança que, depois, teria o retorno”, conta. Na Loreal, onde ficou quatro anos, pôde aprender bastante também. Mas a veia empreendedora sempre pulsava mais forte e ele decidiu largar a multinacional.
“Minha vida foi sempre sobre saber a hora certa de arriscar. Quando saí de lá, já me sentia preparado. Eu dei passos para trás para dar outros para a frente. Perdi o carro que eles me deram, mergulhei no risco de empreender, mas tinha muita noção de onde poderia chegar. Foi então que meu avô me ajudou, quando cheguei com um Uno velho ele disse: ‘vou te dar um Corolla, nem que seja usado, mas você vai chegar da forma certa nas clientes’. E ele estava certo: tempos depois, paguei o presente, embora o ato em si, pelo valor do ensinamento, fosse de valor incalculável”.
Mãe chegou a ser boia fria
E a aposta foi dando certo. Depois de uma infância simples e de muita batalha, o empreendedor conseguiu realizar algo que, segundo o próprio, é a coroação do sucesso, muito mais até do que o dinheiro e a fama: “Consegui ajudar minha família como merecem. Ensinei minha mãe, que já foi boia fria, a trabalhar, e hoje ela está comigo e é ótima profissional da beleza. Dei o futuro que queria para eles. Passei muito perrengue, mas aprendi com todos eles. A gente sabe que tem que fazer a mais para achar nosso espaço, mas isso é que dá força. Eu não tenho medo de arriscar. Se perder tudo, eu sei me adaptar à vida simples e começar do zero. E sei que vou vencer de novo. Acredito que a jornada é sobre isso: coragem para transformar mais do que medo de dar errado”.
Nova sede é sonho, mas nada de franquias
Segundo o empresário, ele já teve algumas oportunidades e ficou tentado a abrir modelos de franquia utilizando seu nome e know how. “Mas, com o tempo, fui tendo a certeza de que o nosso posicionamento é manter a exclusividade, se perdemos isso, viraríamos um serviço de massa e, certamente, o que temos de mais valioso não seria oferecido. Por isso, prefiro crescer por dentro”, afirma, ao fazer referência à nova sede, que será um verdadeiro spa, com ampliação para o conforto e bem-estar das clientes, mas também um ambiente para cursos e treinamentos”.
Para que esse atendimento seja ainda mais personalizado e para que o trabalho feito seja de maior qualidade e exclusivo para cada cliente, Amaury também reduziu o número de atendimentos ao dia, reduzindo de 10 para 3 a ou 5 por dia. A estratégia deu certo, e hoje o negócio fatura mais, atendendo menos.
O salão hoje
Atualmente, o salão oferece todos os serviços capilares. Desde a parte de tratamento, escova, produção, maquiagem, penteado, mega hair, até tratamento para crescimento de cabelo. “Fazemos tudo. Mas, hoje, o carro chefe dentro do salão é o Mega Hair que fica sim em primeiro lugar, é o que a gente mais trabalha em cima e depois a parte de cor. Toda parte de mecha, colorimetria também podem ser considerados nossos carros-chefes paralelos junto com o Mega.
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